Raul Córdula

Raul Córdula
Turma 9º ano G tarde

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Poema - Texto, música, ritmo africano, dança e imagem num vídeo que você não pode deixar de de assistir.


Lindo, forte, impactante, maravilhoso, esse poema mostra o que uma atitude preconceituosa pode provocar na pessoa negra. Ao mesmo tempo mostra a superação do negro, que não se deixa mais abater, levanta a cabeça e grita "Negro, e daí". 

Você pode ver o vídeo e depois conferir a letra, que postamos logo abaixo. 








https://www.youtube.com/watch?v=RljSb7AyPc0


Veja também a letra do poema


“ Me gritaram negra" (Victoria Santa Cruz)
Tinha sete anos apenas,
apenas sete anos,
Que sete anos!
Não chegava nem a cinco!
De repente umas vozes na rua
me gritaram Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra!
"Por acaso sou negra?" – me disse
SIM!
"Que coisa é ser negra?"
Negra!
E eu não sabia a triste verdade que aquilo escondia.
Negra!
E me senti negra,
Negra!
Como eles diziam
Negra!
E retrocedi
Negra!
Como eles queriam
Negra!
E odiei meus cabelos e meus lábios grossos
e mirei apenada minha carne tostada
E retrocedi
Negra!
E retrocedi . . .
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Neeegra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
E passava o tempo,
e sempre amargurada
Continuava levando nas minhas costas
minha pesada carga
E como pesava!...
Alisei o cabelo,
Passei pó na cara,
e entre minhas entranhas sempre ressoava a mesma palavra
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Neeegra!
Até que um dia que retrocedia , retrocedia e que ia cair
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra!
E daí?
E daí?
Negra!
Sim
Negra!
Sou
Negra!
Negra
Negra!
Negra sou
Negra!
Sim
Negra!
Sou
Negra!
Negra
Negra!
Negra sou
De hoje em diante não quero
alisar meu cabelo
Não quero
E vou rir daqueles,
que por evitar – segundo eles –
que por evitar-nos algum disabor
Chamam aos negros de gente de cor
E de que cor!
NEGRA
E como soa lindo!
NEGRO
E que ritmo tem!
Negro Negro Negro Negro
Negro Negro Negro Negro
Negro Negro Negro Negro
Negro Negro Negro
Afinal
Afinal compreendi
AFINAL
Já não retrocedo
AFINAL
E avanço segura
AFINAL
Avanço e espero
AFINAL
E bendigo aos céus porque quis Deus
que negro azeviche fosse minha cor
E já compreendi
AFINAL
Já tenho a chave!
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO
Negra sou!
Retirado de 

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Vídeos muito interessantes!

Rodrigo, assim como a gente, conheceu a literatura negra. Olha o que ele diz sobre essa literatura! O garoto é show!

Se você não conseguir visualizar aqui, é só clicar no endereço abaixo do vídeo.








Você gostou do vídeo de Gustavo? Agora veja a lição que essa menina nos dá sobre preconceito em relação ao cabelo afro.  





quarta-feira, 27 de maio de 2015

Conceição Evaristo

Conceição Evarismo


Esta é uma outra importante escritora que conhecemos no site literafro. Conceição nasceu em uma família pobre, mas isso não a impediu de vencer na vida. Desde pequena gostava de ouvir as histórias que os mais velhos contavam para ela e acabou virando também uma contadora de história. Escreve contos, romances, poemas. e escritora de poemas. Hoje ela é doutora em Literatura e trabalha em uma importante universidade. 

Dos textos dela que estão no site, o que mais chamou a atenção foi "Meu Rosário". 



Meu Rosário


Conceição Evaristo

Meu rosário é feito de contas negras e mágicas.
Nas contas de meu rosário eu canto Mamãe Oxum
e falo padres-nossos, ave-marias.
Do meu rosário eu ouço os longínquos batuques do meu povo
e encontro na memória mal-adormecida
as rezas dos meses de maio de minha infância.
As coroações da Senhora, onde as meninas negras,
apesar do desejo de coroar a Rainha, tinham de se contentar
em ficar ao pé do altar lançando flores.
As contas do meu rosário fizeram calos nas minhas mãos,
pois são contas do trabalho na terra, nas fábricas,
nas casas, nas escolas, nas ruas, no mundo.
As contas do meu rosário são contas vivas.
(Alguém disse que um dia a vida é uma oração,
eu diria porém que há vidas-blasfemas.)
Nas contas de meu rosário
eu teço entumecidos sonhos de esperanças.
Nas contas do meu rosário eu vejo rostos escondidos
por visíveis e invisíveis grades e embalo a dor da luta perdida
nas contas do meu rosário.
Nas contas de meu rosário eu canto, eu grito, eu calo.
Do meu rosário eu sinto o borbulhar da fome no estômago,
no coração e nas cabeças vazias.
Quando debulho as contas de meu rosário,
eu falo de mim mesma em outro nome.
E sonho nas contas de meu rosário lugares, pessoas,
vidas que pouco a pouco descubro reais.
Vou e volto por entre as contas de meu rosário,
que são pedras marcando-me o corpo-caminho.
E neste andar de contas-pedras, o meu rosário se transmuda em tinta,
me guia o dedo, me insinua a poesia.
E depois de macerar conta por conto o meu rosário,
me acho aqui em mesma e descubro que ainda me chamo Maria.
(Cadernos Negros, vol.15, p. 23-24)


O poema é como uma denúncia das situações de exclusão do negro. O eu lírico se mostra ressentido porque devido ao preconceito da sociedade ela não teve melhores oportunidades e sim trabalho duro, que deixou calos em suas mãos. Mas mesmo com toda situação ruim de exclusão que o mundo do branco lhe impõe, hoje ela canta, ela grita e ainda sonha e encontra saída na poesia. Eu acho que Conceição fala dela mesma. 
(ALUNO DO 9º G)

sábado, 23 de maio de 2015

CUTI - Um conto do livro "Contos crespos"

BONECA

Nenhuma! Cansou de tanto andar. Perguntara muito. Ouvira respostas de todo tipo. Algumas vezes, reagira à escassa delicadeza de certos balconistas e mesmo às ironias finas. Em outros momentos fora levado à autocomiseração, depois de ouvir, por exemplo:
Sinto muito!...
Ou:
Queira nos desculpar... A fábrica não fornece, sabe...
Desanimar? Não. Não havia por que desistir de encontrar o presente de Natal para a filha. Com os seus 33 anos, estava em plena forma física. Além disso, era como se a pequena o conduzisse pelas ruas do centro comercial. Continuar a procura, mesmo pisoteando o cansaço, era uma missão.
Com entusiasmo, entrou na loja seguinte. Cheia! Aguardou pacientemente. Uma mocinha branca, de ar meigo e aspecto subnutrido, indagou:
O senhor já foi atendido?
Não. Por gentileza, eu estou procurando uma boneca...
Temos várias. Olha aqui a Barbie, a Xuxinha... – e a loirinha foi apanhando diversas bonecas. Colocava-as sobre o balcão, como se escolhesse para si. Olha que gracinha esta aqui de olhos azuis! É novidade. Chegou ontem e já vendeu quase tudo. Chora, tem chupeta, faz pipi... E essa outra aqui? Não é uma graça? – e levou ao colo a ruivinha de tom amarelado, bem clarinha. Mexeu-lhe os bracinhos e as perninhas e indagou: Não gostou de nenhuma?
É que estou procurando uma boneca negra...
...
Meia hora de espera.
Tem sim! – o dono da loja dirigiu-se à empregada. Procura melhor, na prateleira de baixo, lá em cima mesmo, perto da pia.
A moça subiu de novo a escada, depois de sorrir um submisso constrangimento.
Desceu mais uma vez, recebeu novas instruções e tornou a sorrir. Em seguida, do alto do mezanino, mostrou o rostinho gorducho, marrom-escuro, de uma boneca. Radiante, a balconista empunhava-a como um troféu. Assim desceu a escada. Mas, descuidando-se nos degraus, despencou-se. Todos se apavoraram. As colegas de trabalho foram em socorro.
Nenhuma fratura. Apenas um susto. O patrão exasperou-se, mas logo conseguiu se controlar, vermelho como pimenta-malagueta. A loja estava cheia. Foi atender o cliente:
Peço desculpa pela demora e pelo transtorno. Espero que o senhor não tenha se chateado. O importante é que encontramos o produto. Está em falta, sabe... Eles não entregam. Eu mesmo encomendei a semana passada. Mas o representante disse que a firma está exportando para a África. Está certo, mas aqui também tem freguês que procura, não é? O senhor é brasileiro?
Sim.
Então... – o homem engoliu a frase e preparou a nota.
...
Já na rua, o pai, entre tantos pensamentos, alguns desagradáveis, lembrou-se da descontração a que fazia jus, depois de suar expectativas naquela manhã de dezembro. Respirou fundo. Contemplou o lindo embrulho de motivações natalinas, em que se destacavam o Papai Noel, crianças louras e muita neve. Seguiu, passos lentos, em direção a uma lanchonete.
Vai uma loura gelada aí, chefe? – pronunciou o balconista ao vê-lo sentar-se junto do balcão.
Sorriu, confirmando com um gesto de polegar.
Ao primeiro gole de cerveja, sentiu-se profundamente aliviado e feliz.



O texto de Cuti faz uma crítica a uma realidade: a falta de bonecas negras no mercado. Mostra um pai negro que insiste em conseguir uma; ele não desiste de jeito nenhum de compra o presente para a filha. A insistência mostra o orgulho, a segurança de ser negro. Ele quer a boneca negra que tem tudo a ver com a filha e não uma boneca branca. Ele parece ser irônico, observando a enrolação dos vendedores. 
Depois ele olha para o embrulho e olha para a cena de Natal ao redor, onde tudo é branco, como se o mundo fosse apenas dos brancos, mas ele sabe que o mundo também é dele e da filha, também é do negros.


Vídeo - Cristiane Sobral 



Encontramos no Youtube um vídeo em que a escritora Cristiane Sobral interpreta alguns de seus poemas, entre eles está Pixaim elétrico, postado outro dia. 

Você não pode deixar de assistir!





quarta-feira, 20 de maio de 2015


Cristiane Sobra


Conhecemos Cristiane Sobral através do site LITERAFRO e ficamos encantados com poemas e contos dela. Postamos e comentamos aqui três poemas dela muito interessantes. Só em ler, você já conhece um pouco de como deve ser Cristiane.




CRISTIANE SOBRAL

Pixaim Elétrico



Naquele dia
Meu pixaim elétrico gritava alto
Provocava sem alisar ninguém.
Meu cabelo estava cheio de si

Naquele dia
Preparei a carapinha para enfrentar a monotonia da paisagem da estrada
Soltei os grampos e segui de cara pro vento, bem desaforada
Sem esconder volumes nem negar raízes.

Pura filosofia
Meu cabelo escuro, crespo, alto e grave
Quase um caso de polícia em meio à pasmaceira da cidade
Incomodou identidades e pariu novas cabeças

Abaixo a demagogia!
Soltei as amarras e recusei qualquer relaxante
Assumi as minhas raízes ainda que brincasse com alguns matizes
Confrontando o meu pixaim elétrico com as cores pálidas do dia.



Quando o eu lírico diz “Meu pixaim elétrico gritava alto” está  falando de uma forma figurativa, ou, seja, uma metáfora, está querendo dizer que seu cabelo estava muito volumoso e armado, e chamava atenção das pessoas,  o cabelo dela estava sendo ele mesmo. Esse poema nos inspira a amar aquilo que temos, ou, seja,  amar o cabelo que tem, você tem que ser você mesmo, não adianta imitar ninguém.



Na segunda estrofe o eu lírico diz que tinha orgulho de ser negra, ela não negava as raízes negras, o cabelo alto, cabelos armados. Tirar os grampos está relacionado a assumir as raízes negras,  ela tinha prazer de ter  raízes, de ter algo relacionado a cor negra. Ter as raízes negras é mais do que ter cabelos altos, cabelos cacheados e loucos, é pertencer a um povo de que ela tem orgulho. 



A terceira estrofe, quando ela se refere a “quase um caso de polícia em meio à pasmaceira da cidade”, na minha opinião, o eu lírico quer dizer que o cabelo dela crespo causava “espanto” nas pessoas, e ela  não estava nem aí porque estava sendo ela mesma.



Em seguida ela é ousada, ela recusa tudo aquilo que venha mudar o que ela é mesmo, e assumiu, ou seja, recusou qualquer preconceito  das pessoas contra ela e  saiu do armário que a impedia de ser ela mesma, e começou um novo começo na vida dela e armou o seus cachos e principalmente suas raízes originais que é a raça negra.   

(YASMIM)

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Literafro - Espaço rico de literatura negra





Olá! 

Esta semana conhecemos um site muito interessante, o literafroNesse site tem uma lista enorme de autores de literatura negra. São mais de 100 escritores. Lá tem muito texto sério, científico, tem biografias dos autores, mas também tem muitos trechos de romance, contos e poemas legais de ler. A gente não sabia que tinha tanto escritor de literatura negra. Tem autores que a gente nunca ouviu falar, mas que são muito importantes, como as escritoras Cristiane Sobral, Conceição Evaristo. 

Se você quiser visitar o site, é só clicar no endereço abaixo.



                                              http://150.164.100.248/literafro/